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domingo, 28 de junho de 2009

São João e Forró



Viva São João! Festeiro, o primo de Jesus adora alegria e simplicidade. Por isso combina com roupa de chita colorida, camisa xadrez, bota, lenço e chapéu de palha. A noite mais fria do ano pede fogueira e quentão. Pra aquecer o corpo, a quadrilha vai bem. O forró abafa. Pés de moleque, pamonha, milho assado na fogueira, canjica e tantas outras delícias se oferecem a quem aparecer no arraial.

Vale a curiosidade. Arraial é meio camaleão. Às vezes quer dizer acampamento militar. Outras vezes, lugar de festas populares. Outras, ainda, um pequenino lugar do interior. Antes de chegar à forma de agora, arraial teve outras caras. Uma delas é arreal. Tudo indica que arraial veio de real. Real vem de rei. No começo, arraial era o acampamento do rei.


Falsa charmosa

Forró ganhou fama, mas não dormiu na cama. Avançou mundo afora. Em festa alegre, o ritmo não pode faltar. Rebolados e coreografias são pura sensualidade. Especulações a respeito da origem da palavra pintaram a torto e a direito. Uma delas dizia que a dissílaba seria deturpação de "for all". Os americanos que moravam na base aérea de Parnamirim, em Natal, ofereceriam festas. Umas, pra lá de elitistas, só abriam as portas pra gente com pedigree. Outras, populares, eram para todos, "for all" em inglês. Os brasileiros, em vez de for all, diziam forró. A explicação é charmosa mas falsa. 

Forró é simplesmente a redução de FORROBODÓ, termo existente no português brasileiro desde o século 19 e de significado igualmente festivo, embora não restrito ao Nordeste. Registrada em dicionário pela primeira vez em 1899, a palavra dá nome a uma opereta de Chiquinha Gonzaga que estreou em 1911 no Rio de Janeiro.

A origem do vocábulo forrobodó está cercada de alguma controvérsia. Há quem sustente que nasceu no banto, grupo linguístico africano. Não falta sequer uma lenda – esta hilariante – que aprofunda a maluquice da origem anglófona de forró e vê em forrobodó uma transliteração de for all but dogs, ou seja, “para todos, menos cachorros”.

A tese que parece mais sólida pode ser encontrada no Houaiss, que cita o gramático Evanildo Bechara para afirmar que forrobodó saiu do galego forbodó, “baile popular”, por sua vez derivado do francês faux-bourdon, que tem o sentido de “desentoação”. Mas por que desentoação? É que, segundo o escritor galego Fermín Bouza-Brey, o forbodó era movido “a golpes de bumbo em pontos monorrítmicos monótonos”, o que não impedia ninguém de dançar “com absoluta seriedade”.

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