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quinta-feira, 29 de março de 2012

Chico Anysio e a Língua Portuguesa

No último dia 23 de março, o país perdeu um de seus maiores humoristas: o cearense Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, mais conhecido como Chico Anysio. Exímio imitador, seus mais de 200 personagens traduziram o brasileiro de norte a sul, do pobre ao rico, homens e mulheres, bons e maus. Foi mestre do stand-up comedy quando a atividade nem era conhecida por esse nome nas bandas de cá.

Chico Anysio

 

Logo abaixo, coloquei um vídeo extraído de um especial que ele gravou para a Globo. Nele, Chico recita um monólogo impagável sobre a língua portuguesa ("A língua portuguesa é um código"), brincando com termos cultos e prolixos, hábil como só ele podia ser com as palavras, levando ao paroxismo o vocabulário muitas vezes rocambolesco da língua. Confira o vídeo abaixo e, a seguir, a transcrição do monólogo postada pela internauta Regina Andrade.

 

Transcrição:

"Agora eu pergunto: Quem é este cidadão que atende por este patronímico para propagar esta verrina não só vexante como metuenda? Apenas um rapsodo, veabolante, sorrelfa e tramposo. Prolificentíssimos em chocarrices e parastes e que em uma das janelas de jar aguateiros e falta de profícuos que fazeres teve o ousio de profilgar o léxico copátrio com esta objurgatória quentóxina. Escuse-me o impertérrito semáculo por acometer contra as suas oiças com expressões tão simples, esquisapapalvas. Mas o assunto deve ser pendorado com toda clareza como estou fazendo. Não espere o proditor minhas profalsas por tal assertiva que nada mais é do que um vitupério, um menoscabo, procedimento soez - característico dos procazes valdevinos, mel hortes , zagorrinos e pataratas. O que é litigável litiga-se, diga-se de passagem. Será ele um folas que necessite de égide ou, quem sabe, um aclófobo que busca malsinação. Frenopata não é, pois, quando ainda subjacente, o vi fornecer a um médium de sorte um autógrafo chibunte, e, ao que me consta, cotriba não quis ser por zumbaia e nenhuma quizila, diga-se de passagem. (Podes crer. Podes crer, amizade.) Não sou um nubívago, nem me julgo um hermeneuta a viver barbialçado com ignaros a me sorrabar, porque a mim ninguém sorraba. Ele, sim, adora ser sorrabado pela simples razão de se achar um aríolo. Realmente, ele tem frenesia ror. Mas e daí? Qual é a dele? Sejamos debatiços. Saiamos da hebetude desta sorda panície undíflua diante à que estamos da gambérria de um pacóvio que já canonizou por alboroqueses que hoje rebimbado plebeíza nossa língua. Mas quem é que não entende o português? Nosso idioma é de uma clareza vítria, ebúrnea, de facílima captação. Os hodiernos é que tudo me choutearam com uma verbiagem que nada mais é do que um mistifório com palavras impedientes de qualquer entendimento. Falei simples como eu falei do pródromo desta parlanda usando os verbetes que usaria uma criança ainda pulcra e não haverá apodos ora, porra."

Um comentário:

Unknown disse...

Simplesmente SENSACIONAL!